A Prefeitura de Salto e demais cidades da região começaram a aplicar doses da vacina da Pfizer em pessoas que estão com o esquema vacinal contra a covid-19 atrasado pela falta do imunizante de Oxford/AstraZeneca.
O intercâmbio de vacinas, como é chamada a troca entre os imunizantes para a aplicação da segunda dose, foi aprovado pelo Ministério da Saúde e pelo PEI (Plano Estadual de Imunização) e Comitê Científico do Estado, além da OMS (Organização Mundial da Saúde) e já era autorizada em casos específicos como o das grávidas que receberam a primeira dose da AstraZeneca.
Os médicos afirmam que a combinação de imunizantes, chamada de intercambialidade, é segura e já vem sendo adotada em países como Dinamarca e Alemanha.
“Utilizar a AstraZeneca na primeira seguida da Pfizer na segunda foi uma estratégia testada. A produção de anticorpos foi até superior àquela observada com a mesma dose da vacina – ou seja, AstraZeneca e AstraZeneca. Não houve detecção de nenhum evento adverso que tenha motivado preocupação. Essa é uma estratégia correta e que seguramente é o caminho que devemos tomar, uma vez que há uma indisponibilidade de doses de AstraZeneca para completar a tão importante imunização nesse momento da segunda dose”, explica o infectologista Marco Aurélio Sáfadi.
O estado de São Paulo decidiu usar a Pfizer porque enfrenta um apagão de doses da AstraZeneca. O uso de vacinas diferentes é autorizado pelo Ministério da Saúde.
O governo paulista diz que o desabastecimento foi provocado pelo atraso na entrega de 1 milhão de doses da vacina. Já o ministério afirma que o estado usou como primeira dose vacinas que deveriam estar reservadas para a segunda dose.
A decisão de aplicar a segunda dose da Pfizer em quem tomou AstraZeneca alivia, mas não resolve o problema. Só na cidade de São Paulo, segundo um levantamento da própria prefeitura, 340 mil pessoas estão com a segunda dose da AstraZeneca em atraso - é mais do que o dobro das 165 mil doses da Pfizer disponíveis.
O ministro da Saúde cobrou nesta segunda-feira (13) critérios para o uso de vacinas de fabricantes diferentes e que o ideal é que seja para as doses de reforço.
“Isso é para os idosos acima dos 70 anos e para aqueles que são imunocomprometidos. Há estados que já anunciaram que vão vacinar idosos acima de 60 anos. Então fica difícil. Se, porventura, a AstraZeneca, por conta de questões operacionais faltar, eventualmente se usar a intercambialidade. O critério não pode ser ‘faltou um dia já troca’, senão a gente não consegue avançar”, declarou Marcelo Queiroga.
O ministro Queiroga afirmou ainda que a falta de vacinas para a segunda dose atinge apenas estados e cidades que decidiram acelerar o ritmo de vacinação, sem seguir as orientações do Programa Nacional de Imunizações.
“O importante é a gente estar vacinado. Quanto mais gente vacinar o quanto antes, mais rápido a gente acaba com essa pandemia”, ressaltou Nelson Millner.
O governo paulista reafirmou que se baseou nas previsões de entregas de vacinas publicadas na página do Ministério da Saúde na internet para fazer o plano estadual de imunização; que o ministério falhou diversas vezes nos envios e frustrou a dinâmica de vacinação no Brasil em momentos distintos; e que as doses extras da Pfizer para segunda dose da AstraZeneca são para ajudar a concluir o esquema vacinal de quem está com dose atrasada.
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